Três senhoras vivendo cada dia com o prazer de quem
degusta um bom chá quente numa noite de inverno. Por vezes chegam a queimar a
língua e isso causa um grande alvoroço. A velhice é uma dádiva para poucos.
Porem despedir se pode ser duro como pedra. As escolhas foram feitas e o
passado é imutável. O futuro incerto.
No fim o que importa é simples. O quanto amamos e
fomos capazes de nos entregar. Parece piegas. E é. Viver é piegas. Aprisionadas nos escafandros de seus corpos
essas mulheres não desistem de acreditar que algo fantástico pode acontecer.
Juntas num asilo compartilham de uma rotina de
cuidados especiais. São as mesmas meninas de décadas atrás, porem seus corpos
esqueceram se disso. As memórias insistem em fazer parte das conversas e uma
tarde comum pode de repente se tornar uma tempestade raivosa.
Não há nada de
extraordinário. É tudo muito simples. A beleza mora no olhar de quem as vê.
Pense num buraco de fechadura. Do outro lado está você. Quarenta anos mais
tarde. Ainda há tempo de renovar as esperanças. Elas estão aqui para nos
mostrar.
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